ANTES DE TUDO, entenda que não tem como – ou digamos que é muito improvável – ser 100% sustentável na pintura (por mais que você fabrique sua tinta com materiais vegetais, sempre vai ter um pincel que você comprou na loja e foi feito na indústria, uma tela de pintura, um verniz…) é utopia dizer que a gente consegue ser totalmente imune a isso num atelier. Quando falamos em sustentabilidade isso envolve não só o descarte e reciclagem, mas todo o processo de fabricação – geralmente industrial – e inclusive de transporte daquele material, o qual polui.
MAS, TEM COMO MINIMIZAR OS DANOS e TEM COMO SER MAIS RESPONSÁVEL E CONSCIENTE com o uso desses materiais e com informação correta principalmente sobre DESCARTE: assim a gente se protege e ainda cuida melhor do nosso planeta pensando num todo: nossa saúde, fauna, flora, atmosfera, ciclos.
Vamos ao que importa, começando pela tão utilizada TINTA ACRÍLICA (bem popular entre pintores e na construção civil, é tinta amplamente comercializada e à base de água). Apesar de ser solúvel em água a tinta acrílica é um polímero plástico – é um material sintético (bem moderno, surgiu em 1940), dá para dizer ambientalmente que é um “plástico líquido”. Por conta disso, para minimizar os danos ambientais e a poluição da água com a tinta acrílica o que você pode fazer é:
ATITUDE NÚMERO 1: Não lave potes de tinta vazios para colocar para reciclagem: embalagens de tinta são sim recicláveis e você NÃO PRECISA lavar aquele excedente de tinta seca que fica na embalagem (seja ela de plástico ou de aço – latas) – coloque para a reciclagem com a tinta seca, que no processo de reciclagem é fácil separar uma coisa da outra (no caso da lata, se faz isso com separadores eletromagnéticos (tipo ímã), tem um processo que automaticamente faz essa separação dos materiais e isola o aço. Você POLUI MENOS SE DESCARTAR A TINTA ACRÍLICA NA FORMA SÓLIDA (seca)!
ATITUDE NÚMERO 2: Usar potes de VIDRO (para tintas à base de água e para tintas à base de óleo), tipo vidro de palmito – nada de usar copo de plástico, jogar fora depois embalagem, preze pelo uso de coisas recicladas, reaproveitadas e evite plástico (já que a tinta já é de plástico e não tem muito o que fazer em relação a isso). E dê preferência a paletas de pintura de vidro (se possível), já que o vidro é reciclável e você sempre pode aproveitar aquela moldura antiga de diploma que está na gaveta.
ATITUDE NÚMERO 3: Guarde tintas em caixas abertas, local arejado, respirando, tintas tem cádmios (são tóxicos), para evitar abrir e cheirar aquela concentração.
ATITUDE NÚMERO 4: Se você usa solventes: pode parar de usar, você não precisa deles para pintar com tinta a óleo, você pode usar somente algum óleo mineral (tipo o de linhaça) e assim não danificar sua saúde NEM O MEIO AMBIENTE (aquilo evapora e vai para algum lugar, não some), bem como pode usar tinta a óleo solúvel em água (falo e explico sobre tudo isso no meu curso online “Os Segredos da Pintura a Óleo”). Mas se você usa: solvente pode ser usado infinitas vezes, você não joga ele fora, compra uma vez e pronto, nunca mais compra (dá até para dizer que essa atitude é sustentável) – lembre-se de manter tampado o frasco e deixar o pigmento decantar. Não compre terebintina, nem cheire isso, é tóxico, faz mal. Lá em 1950 nos EUA já substituíram terebintina por outra substância natural para que as pessoas parassem de usar e aqui como a oferta é enorme as pessoas compram e usam deliberadamente sem ter noção do inimigo invisível e tóxico que é. Tem a sua utilidade para limpar pinceis, mas você não depende dela, pode limpar somente com óleo e sabão.
ATITUDE NÚMERO 5: (Esse é bem fácil) Use tinta de forma eficiente (eficiência não quer dizer necessariamente economia) e isso não quer dizer economizar tinta: quer dizer usar de forma que você calcule corretamente a tinta que irá usar para evitar jogar fora excedentes. Quando for colocar tinta na paleta: coloque pouco, apenas um suficiente para iniciar – se precisar você põe mais e assim sucessivamente.
ATITUDE NÚMERO 6: Se for pintar com tintas à base de água use pano para retirar excesso da água para não precisar usar papel toalha / se usar o papel toalha retire o excesso da tinta ao final nele e jogue no lixo comum (é melhor do que colocar o pincel embaixo da torneira). Retire o excesso de tinta do pincel antes de lavar o pincel.
ATITUDE NÚMERO 7: Leia os rótulos de TUDO (sugiro fazer isso com as coisas que você come também): leia rótulos de tinta, de lata de tinta, de solvente, de materiais que você compra para as suas artes e veja as instruções de descarte que o fabricante fornece. Sempre que a marca recolher as embalagens, tente devolvê-las. A indústria de cosméticos já mexeu os pauzinhos faz tempo, os consumidores pediram isso (inclusive em relação a testes em animais – tintura para cabelo, tintura para tatuagem, mas e a tintura dos pintores, ein?). A de materiais de pintura está precisando de um incentivo.
ATITUDE NÚMERO 08: LUVAS DE NITRILO. Vocês já viram eu usando luvas para pintar: antes eu usava luvas de procedimento normal, de látex, mas com o tempo substituí por luvas de NITRILO que não contém a proteína do látex (eu particularmente gosto das luvas pretas) – sim, é útil usar luvas na hora da pintura, você protege suas mãos (algumas marcas consolidadas e profissionais inclusive recomendam o uso de luvas de proteção para não ter contato direto da tinta com a pele) e protege sua obra de você mesmo (sua gordura, células mortas, sujeira, bactérias). Sobre a luvas de nitrilo: é borracha nitrílica, confeccionadas em borracha sintética muito mais resistente que os outros tipos material descartável, são duráveis tanto ao desgaste como ao entrar em contato com produtos corrosivos — como solventes clorados, álcool, álcalis diluídos, derivados do petróleo, graxas, óleos e aminoácidos. Além disso as LUVAS DE NITRILO NÃO CONTÉM A PROTEÍNA DO LÁTEX, aquela que pode dar uma eventual reação alérgica.
Se você leu até aqui, PARABÉNS!
Beijo no coração, até a próxima!
JÁ VIU MEU CURSO DE PINTURA A ÓLEO SEM SOLVENTES?
